quarta-feira, 25 de julho de 2007

Confissão: O Exílio


Quem já não teve aquela sensação estranha em lugar incomum ? Como diz certa canção "Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal ... " ! Pois é, estrangeiro é sempre desalocado, meio outsider, fora da cultura local. E todos sofremos quando visitamos países e cidades fora de nossa pátria. Por um lado, existe um certo glamour em dizer : "Estou mudando pra Europa", ou qualquer continente que seja e país. Entretanto, as diferenças é que devemos pesar, relevar, medir as circunstâncias e ver se "vale a pena". Existe uma grande diferença entre expatriados ou turistas. Estes últimos tem uma curta estadia em outros lugares e não dá pra considerar, é apenas supor-se.
Hoje, recebi um email de um amigo, M., que morou longuíssimos cinco anos na Europa. Foram períodos de curtição, aculturação, vitórias, conquistas, alumbramentos, desencantamentos e tantas histórias malucas que encheriam rapidamente um bom livro de umas 400 páginas. Fala-se sobre a condição do sujeito que vive em outro país e sente-se deslocado, perdido, fora do contexto. Como Clarice muito bem comenta nesta passagem que copio abaixo. Com toda permissão do amigo M.
Ps.: a foto acima tirei de minha varanda, estava vendo o céu limpo depois de longo período de chuvas em São Paulo. E a lua estava lá, solitária, romântica e melancólica. Diz-se que ela é símbolo fetiche dos poetas e madrugadores. Que seja. Noite shakesperiana esta.
Abraços, Umberto.
Faço minhas (mais uma vez) as palavras de Clarice, nosso Gênio maior, sobre o exílio. É exatamente assim que me sentia nestes últimos anos, apesar das inúmeras amizades conquistadas e das belezas todas que vi:
Segundo a própria Clarice o definiu (o exílio), foi como se o tempo pingasse em conta-gotas. "E eu contei gota por gota", chegou a confessar.
"Assim não tenho gostado verdadeiramente da Itália, como não poderia gostar verdadeiramente de nenhum lugar; visto que há entre mim e tudo uma coisa, como se eu fosse daquelas pessoas que têm os olhos cobertos por uma camada branca".
Sentia-se pior que um mendigo. Porque "o mendigo sabe ao menos o que pedir", escreveu.
Depois de Nápoles, a próxima parada seria ainda pior: Berna, na Suíça. A autora descreveu a cidade como um "cemitério de sensações", "um túmulo, mesmo para os suíços", um lugar em que "a noite era tão despovoada que não tinha nem fantasmas". Os cenários eram tão calmos, havia um silêncio tão "aterrador", que, numa das cartas endereçadas à irmã, Clarice desabafou: "Dá vontade de ser uma vaca leiteira e comer durante uma tarde inteira até vir a noite, um fiapo de capim. O fato é que não se é tal vaca, e fica-se olhando para longe como se pudesse vir o navio que salva os náufragos. Será que a gente não tem mais força de suportar a paz?".

Sobre Torquay, no UK: De novo, as impressões não foram as melhores. À irmã, escreveu: "Aqui é tipicamente uma cidade pequena, tem cheiro de Berna. Sem ser por pouco tempo, seria chatíssimo. Todo mundo é mais ou menos feio, com chapéus horríveis, modas horríveis nas vitrines. Em cidade pequena, até os filmes são ordinários (...)".
O exílio está historicamente ligado ao sofrimento. Na literatura, a restrição exílica representa uma espécie de "morte em vida" desde os textos clássicos. Na Grécia antiga, por exemplo, era sinônimo de pena de morte. Muitos escritores modernos, no entanto, buscaram voluntariamente no deslocamento uma saída estratégica de seu país de origem, para tirar daí alguma espécie de ganho artístico. Não se fala aqui, portanto, do exílio como punição. A referência se faz apenas ao sentimento de nostalgia, saudade de casa, que expressa a separação de um indivíduo de sua pátria e o desejo de retornar a ela algum dia.
Um estudo abrangente sobre o tema está em Os males da ausência ou A literatura do exílio, de Maria José de Queiroz, que desenha um pano de fundo histórico, da Grécia antiga à contemporaneidade, para cercar a produção de inúmeros autores que viveram e trabalharam longe da pátria. "O exílio não é apenas a experiência da solidão, do afastamento, da nostalgia", escreve Maria José. "À maioria dos indivíduos, o desterro afeta a estrutura da identidade. A exclusão da palavra, da língua do berço, não se vive apenas como pena política, é tormento pessoal. Os escritores que puderam continuar a escrever salvaram-se desse tormento."
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Resta-me a pergunta: como consegui sobreviver estes anos todos?
Matéria completa em:
http://www2.uol.com.br/brhistoria/reportagens/a_hora_do_exilio_de_clarice_lispector.html

domingo, 22 de julho de 2007

Pôr-do-Sol : Ocaso.

Estas nuvens alaranjadas não foram provocadas por nenhum incêndio. Apesar dos tristes acidentes que ocorreram recentemente e que pode sugerir este tipo de interpretação. Pois, trata-se de um pôr-do-sol ( fenômeno também conhecido como ocaso ). Aliás, um belíssimo pôr-do-sol que pude apreciar de meu bairro durante alguns instantes. Isto aconteceu na tarde de ontém (21/07/2007).

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Painting

Trabalho realizado por jovens durante evento no Sesc Anchieta. Esta pintura tem uma frase bastante poética. Alumbramentos. É um trabalho imagético que não precisava do texto. Este apenas reforçou o querer, o lúdico, o tema proposto em curso. Recebi autorização para realizar esta foto.
Boa sexta-feira para todos. See you (...)

terça-feira, 17 de julho de 2007

Mosfilm Week

‘Mosfilm week’
Ciclo que abre hoje no ‘CCSP’ traz amostra de 14 filmes russos clássicos e contemporâneos

C&N

O ‘Mosfilm’, ciclo que abre hoje , dia 17, no CCSP (Centro Cultural São Paulo) traz uma amostra de 14 filmes russos clássicos e contemporâneos produzidos pela ‘MosFilm’, empresa russa de fomento à atividade audiovisual. Os filmes exibidos durante a mostra que vai até o próximo domingo, dia 22, serão projetados em película 35mm, e terão legendas em português.
A abertura oficial da mostra, acontece às 16hs, de hoje, com a presença de Karen Georgievich Shakhnazarov, diretor geral da ‘Mosfilm‘. Programação completa: www.centrocultural.sp.gov.br/programacao_cinema.asp

1979



The Smashing Pumpkins - 1979 (Live)

Eu não tenho 28 anos agora. No ano de 1979 ainda estava aprendendo a ler. Dentre tantas músicas que já ouvi, esta eu gosto bastante, tanto pela tua sonoridade quanto peso.
Smashing Pumpkins é uma banda de Chicago e que fez bastante sucesso nos anos 90, apesar de ter surgido na década anterior. O álbum duplo que contém este hit - Mellon Collie and the Infinite Sadness - foi eleito como um dos mais bem sucedidos da história do rock. Era um disco recheado de ótimas canções, e que proporcionou à banda status e famosas turnées. Perdoem-me pela minha preferência. Entretanto, considero Smashing muito mais criativo do que foi certa vez o Nirvana. Apesar de gostar de ambos. Existem pessoas que discordarão veemente. Agora, basta ouvir comentários sobre o primeiro disco "Gish", ofuscado pelo então "Nevermind" da banda de seatle. Logo, encontrarão tais respostas e confirmações. Enganam-se aqueles que pensam da influência punk-rock neste eclético som gerado por esta banda de Billy Corgan. Teu som basicamente é composto por guitarras pesadas, com elementos de heavy metal, gothic rock, indie e barulhos eletrônicos. O visual caprichado e vídeo-clipes muito bem produzidos podem imprimir um certo perfeccionismo de Billy Corgan. Dando sinais por ser uma coisa meio auto-biográfica. Já que nem só de fantasias e glamour vivem estas bandas. Muitas vezes, temos uma realidade absurdamente revelada nos vídeos, letras e canções. Dando aquele tom do tipo "a vida como ela é". Vez ou outra, tenho ouvido muito o disco solo de Billy. Cujo trabalho flerta bastante com o som de outro cara genial, Mark Lanegan. Me parece que ambos tem uma certa influência de Tom Waits, em graus diferentes.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

4:55



4:55

Ela acordou, aflita, andava pelo apartamento vestindo só uma camisolinha de seda branca, estava descabelada, aos prantos, parecia estar diante de um espectro, talvez, bandido ou coisa parecida.
Ela acordou, e tensa, e correndo de um lado ao outro da sala; já não era mais caminhadas; da minha janela, por detrás das cortinas transparentes, observava a musa do 71, sempre bela, meio esquisita, acordava pelas tantas, madrugadas adentro, e despenteada, e de camisolinha, sem motivos aparentes; sua beleza, um tipo Brigitte Bardot, cabeleiras louras e dentes tortos salientes, charmosos e brancos; sim, já cruzei com tal senhorinha certa vez, estávamos dentro de um mesmo bar; eu por contemplar sua formosura; a musa fazia charme bebericando seus copos de uísque e fumando cigarrilhas mentoladas, ficava brincando com a fumaça e as baforadas, fazendo desenhos no ar.
Ela acordou, foi até a sacada contemplar a rua, a madrugada, o ar frio, estava nua, peladinha, ali, igual uma estátua de Victor Brecheret; pegou uma taça de champagne e [como se num só fólego] bebeu tudo; de repente, recuou alguns passos e veio correndo ... plaft .... saltou; o corpinho branco, de pele igual porcelana, foi deixando suas marcas pelo paredão, andar por andar, kicando igual bola e arrebentando lá embaixo; que merda; minutos passaram; fato suficiente para acordar a vizinhança, trazendo policiais, ambulâncias, corpo de bombeiro; pessoas comuns foram aglomerando ao redor das grades de proteção, uns curiosos isto sim, e passantes faziam romarias, rezando terço, fazendo sinal da cruz; a rua congestionada já não tinha o mesmo aspecto; as comadres diziam que foi uma santa que morreu, só porque o rostinho intacto lembraria uma virgem, diziam ser pura, Santa Cecília; Comentaram injustiças e bisbilhotices; disse : - alguns, de morte morrida, matada; outros...
Ela acordou. E não mais nesta vida!


_umberto.alitto

domingo, 15 de julho de 2007

Evidências Pedestres



Este jovem poeta, Paulo Ferraz, tem uma escrita admirável. Mergulhado no universo urbano, cria seus poemas breves e ricos em personagens cotidianos. Eis um autor que tenho lido bastante. Identifico-me com estas cenas e saboreio tais palavras lapidadas, imagéticas e sábias.

La Traviata (Verdi)





Vejam estas "Guloseimas saltitantes" animadas encenando uma ópera.Eu gosto de ouvir Verdi, e com esta animação dá uma fome (risos). Ficou muito bom. Não lembro te ter visto isto no concorrido Anima Mundi. ;-D

quinta-feira, 12 de julho de 2007

The Winter

É inverno em Sampa. E as flores e plantas incrivelmente mantém suas cores vivas. É a natureza imprimindo sua beleza aos olhos de quem vê.

(Objectu)

prego no
seu andar
complexa
engenharia
se fosse
uma cruz
para
convencimento
da imagem
de uma
obra [ que
o tempo
ou um
homem ]
poderia
depositar
sangue
ao ferimento
sua experiência
é força
ou deuses
surdos

medida para
compreender
mitos
é como
ser ou
não e
ver a
beleza exposta
do ferimento
que cicatriza.

_Umberto.Alitto

Bal Du Juillet


O sumiço da Favela


É estranho! Algum tempo atrás, do outro lado da Marginal Pinheiros (sentido Morumbi), próximo da ponte Euzébio, avistávamos uma ocupação. Em um barranco bastante precário proliferavam habitações extremamente rudimentares. Acreditem, moravam pessoas em barracos de papelão, de caixotes ou coisas parecidas. Isto durou alguns anos. Recentemente, a vista que temos são destas máquinas trabalhando. Estão concretando o morro inteiro. E as famílias que ali moravam eu não sei para onde foram. É assim. Enquanto isto, o rio pinheiros continua com seu comportamento de sempre. Cheiroso e com aparência de vidro craquelê.

terça-feira, 10 de julho de 2007


Nada de estresse.

Fim de feriado! Sem rodízio de carros, esta Cidade nervosa não conta nada de novo. Sol nascente meio blazê, descontente com a revolução humana que insiste na poluição do meio ambiente. Um dia ele resolve amanhecer nervoso e torra tudo ! Espero não estar mais aqui. Li outro dia que ao percorrer 1000 kilômetros um carro emite cerca de 2.5 kg de gás carbônico na atmosfera. Imaginem a frota de carros em São Paulo que está por volta de 5 milhões. O dia parece quase noite. E as noites são mais escuras, secas e quentes. Quem vê o Sol nascer nos vales do Sul de Minas, de encher os olhos, não acredita numa visão assim, meio soturna. Uma das coisas que admiro é a maneira eficaz do comportamento deste trânsito. Da educação dos motoristas. Muito diferente, por exemplo, do que dirigir em Belo Horizonte. Entretanto, a beleza da capital mineira é assunto pruma outra hora. Enquanto isto, sigo tomando minha xícara de café ao som de Duke Ellington. Só ouvindo teu sax pra gente retomar a calmaria. Já é noite adentro.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Pares, de sapatos.


Já caminhei madrugadas inteiras em busca de algum lugar que fizesse sentido para acalmar a minha insônia. Sentar num balcão de bar, padaria, anexos e pedir qualquer coisa pra enrolar o tempo. Deixar a noite seguir seu rumo. Até ouvir o galo cantar. E se não ouvir galo algum, que sejam as buzinas dos carros ou as badaladas do sino daquela igreja da Sé. Caso não ouça mais nada, é sinal que perdeu os sentidos. Voltar perambulando pelos calçadões, feito zumbi ou coisa parecida. Desviando dos pombos, das pessoas dormindo pelas calçadas , dos gatos revirando latões e sacos de lixo. A cantilena dos vendedores começa tão cedo que é impossível acreditar no horário que devem acordar. Os primeiros cheiros de cafés das padarias. E daquelas carnes sendo assadas pra virar sanduíches de dois reais. Barulho de portas de latão subindo. É o comércio abrindo os olhos pra ver o dia que acorda. Se pela madrugada existe comércio, com certeza, não é o mesmo tipo de serviço que vemos durante o dia. O ziguezague dos pedestres, aflitos, com hora marcada, cartão de ponto, mochilas, querem chegar ao trabalho. Caminhando. Vou caminhando. Os pés já não aguentam o calor do sol e das meias quentes. Antes fosse noite, tudo frio, corpo quase congelando. Os olhos secos, esbugalhados, a boca seca, o nariz igual um deserto de areia, a pele igual talco em porcelana. No caminho de casa é sempre a mesma coisa. Parece todo mundo igual. Gente família. O porteiro na sua casinha, folheando as últimas manchetes, ele distrai antes de entregá-las pros inquilinos do condomínio. O faxineiro lavando os calçadões e aguando plantas. Os moradores saindo em busca de suas rotinas diárias. Entro sem falar com ninguém. Só dou bomdia quando é preciso. Vou caminhando até os elevadores de madeira. Cheiram mofo e pinho. Igual caixas de figo em conserva. São decorados com alguns rabiscos pornográficos que algum qualquer fez. Aperto logo o 7º. andar. Pra chegar mais rápido. Vou logo abrindo a porta, entrando naquele apartamento que desconheço ser meu. Nunca tranco a porta. Ela sempre fica apenas encostada. Fechada. Porém, sem estar trancada. Quase nunca percebo estas coisas. Creio que a insônia me deixou com problemas demais pra resolver pelas madrugadas. E trancar uma porta é o menor deles. O mais insignificante. Agora, olho pra parede e vejo em um canto estes pares de tênis brancos. Estão na fila para serem lavados. Um dia. Quem sabe. Lavarei todos que estejam nos cantos. Sujos. Pisados. Lavá-los também é um dos problemas de menor significância. As madrugadas ainda são meu maior problema!

domingo, 8 de julho de 2007


Olho de Vidro ou bola de cristal.

Alguns místicos utilizam estas bolas de vidros para infinitos tipos de trabalho. Consegui um par destes em uma viagem. Chamou a atenção pelo formato e por conter uma bolha de ar dentro. O que faz a bola de vidro ter semelhança com um globo ocular. Neste mesmo dia que estava comprando estes pares de bolas, um cliente da loja chegou para levar outros pares. Não havendo mais no estoque, o gerente veio falar comigo para ceder o par ao outro Cliente. É claro que não abri mão. Não sabia se um dia iria voltar naquele lugar. Parece-me que o estranho cliente coleciona este tipo de objeto. Fiquei sabendo depois que este tipo de objeto você tem que comprar aquele que te escolheu. Não deve trocá-lo. Um fato similar aconteceu a pouco tempo atrás. Um dia, passando por uma loja, revolvi entrar para pesquisar alguns adereços. Estava à procura de determinados objetos que fariam parte de um trabalho artístico de uma amiga. Foi então que deparei com dois pares de lágrimas de cristal. Com aproximadamente 15 cm cada peça. Cada gota deveria ter quase o formato de um ovo, junto a calda que daria o formato de uma lágrima. Estavam pendurados em cordas prateadas. Provavelmente, creio que cada uma das peças deveriam medir cerca de 30 cm : Objeto e barbante prateado. Quando tive oportunidade de rever esta amiga, revolvi dar-lhe tal presente. Era algo tão emblemático. Creio que um objeto destes dá uma representação de coisas que eternizam. Como a fotografia. Ela congela uma imagem que fica pra posteridade. A lágrima cristalizada deu esta impressão. De sentimentos que marcam e ficam. Como a amizade, que é amor e afeição que sentimos por pessoas que queremos bem. Verdadeiras amizades a gente preserva.



A Night at Birdland

Feriado em Sampa. Cidade praticamente deserta. Fui até um shopping próximo de casa e a situação era diferente. Lojas em promoções, clientes alvoroçados, filas pra comer ou pra ver um cineminha. Caixas eletrônicos abarrotados, cafés lotados, nada de estresse. É apenas feriado na cidade. Entro na loja Fast Shop somente para saber quando é que chega o tão novo celular da Apple. Alguns, dizem que é o supra-sumo do design e funcionalidade. Outros, crêem que seja um sub-produto. Exatamente por ter funcionalidades um tanto limitadas. Pois é. Na loja, não acreditei no que via : gente comprando notebooks, impressoras, cameras digitais, hdtvs enormes. Eis o mercado de consumo. Eu fico perguntando como esta gente deve ser feliz. Ou faz para ser. Pois, pra mim, a felicidade é algo que está acima do bem material. Comprar algo e ainda fazer aquela cara de felicidade. Eu matei minha curiosidade. A tal engenhoca chegará. Finalmente, ainda consumi um belo prato de comida italiana como almoço (sim, aos domingos eu costumo almoçar bem tarde). Volto pra casa e a situação é a mesma. Cidade pacata. A praça Buenos Aires vazia. Percebo que a estátua "Mãe" foi restaurada. Está lá. Toda branca e ao topo. Como é bom ter feriados. Olhar o pôr-do-sol, pensar na vida, por a literatura em dia. A música que toca no meu som é de uma banda de jazz : Art Blakey Quintet : "A Night At Birdland". Bucólica como o feriado!

sábado, 7 de julho de 2007

Orfeus : Vídeo noir






Orfeu

Na mitologia grega, este personagem era poeta e músico. Filho de Calíope, foi reconhecido como o mais talentoso músico. Tinha o poder de seduzir qualquer ser vivo quando tocava sua lira. E o dom de tranquilizar os animais selvagens. Dos 50 homens que atenderam ao pedido de Jasão para busca do velocino de ouro, Orfeu foi um destes. Orfeu, ao perder sua amada Eurídice, resolveu lutar até o fim para reencontrá-la. Mesmo que tivesse de falar com os Deuses. Quando deu conta da perda eterna de Eurídice, ele tornou-se um homem amargurado. Um dia, Orfeu caminhou até o rei dos mortos. Deixando tal rei incomodado ao saber que estava sendo importunado por um vivo. Porém, a música de Orfeu comoveu profundamente este rei. Orfeu queria que ele trouxesse de volta sua amada. O rei resolveu atender ao pedido de Orfeu. Mas com uma condição : que ele não olhasse jamais para Eurídice até que ela atingisse a luz do sol ao sair de um túnel.
E ao sair deste túnel, Orfeu olha para trás por um instante e vê apenas um fantasma. Então, descumprindo a promessa, perde para sempre sua amada. Por ter recusado olhar para qualquer mulher, por perder definitivamente Eurídice, certa vez, foi atacado. Furiosas por terem sido ignoradas, um grupo de mulheres selvagens atacam Orfeu, atirando dardos e pedras. Apesar de sua música tentar protegê-lo, os gritos das mulheres abafam seu canto. E, perdendo seus poderes, tornou-se frágil até morrer. Depois, mutilaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no Rio Hebrus. Diz que ele morreu cantando o nome de sua amada. O que comoveu as mulheres e resolvem sepultá-lo no Monte Olimpo. Desde esta época, o canto dos rouxinóis tornaram-se mais doce. Estas mulheres selvagens, chamadas de Mênades, receberam castigo dos Deuses por tamanha crueldade. Foram sendo enraizadas até virarem árvores, fortes, robustas e imóveis. Até que um dia, secaram e caíram ao chão.

Este vídeo acima encontrei no Youtube. Chama-se "Orfeus". É um canto sinistro e o clipe de imagens sugere uma cidade européia fantasmagórica. O trailer é bom. Com uma vóz em off que parece alguém gemendo, ou um certo fantasma que preenche a cena deixando um tom sinistro e funesto. Tem uma fotografia pertinente de um personagem e que lembra Kafka na sua adolescência.



RAROS ENCONTROS

Quero a emoção dos beijos escondidos,
chantagem viva, rogo sem limites,
ao lume da lascívia traiçoeira
persuadindo a mulher que ainda resiste.

Acolho o titubeio da incerteza,
mudez e vozerio simultâneo,
nos rápidos encontros permitidos,
à luz da vela-amor indefinida.

Há montanhas de dúvidas perversas
afugentando o impulso e o meu desejo,
nesta trama voraz e clandestina.

Entretanto, não quero que se esvaiam
esses raros encontros do prazer,
junto ao corpo sensual que me alucina.
(Antonio.Kleber)

COMPAREÇA À GRANDE FESTA DA POESIA:

"ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE POETAS" - Rio das Ostras - RJ - 2007, de 11 a 15 de julho/2007.

sexta-feira, 6 de julho de 2007



Marie Antoinette

Com certeza, é um filme teen retratado épocas atrás. Ambientado na França do século 17, Maria Antonieta quer imprimir a juventude de uma jovem austríaca ( Kirsten Dunst - a mesma de "As Virgens Suicidas" ) forçada a casar-se com um futuro Rei francês ( Jason Schwartzman - um ator desconhecido e sem sal ). A filhota do Coppolão passou muito tempo de sua vida dedicada na idéia de um dia fazer este filme. Logo, nossas espectativas vão na lua quando se trata de gente talentosíssima colocando o peso da caneta no papel. Isto é, nas telas. O filme tem um rítmo lento, e põe lento nisto. O que dá um ar poético, leve, sutil, pra contar a tragetória da futura Rainha. É um filme belo, tem belíssimas locações, lindos cavalos brancos, um figurino invejável ( não achei tão luxuoso quanto falaram. Acho que Copollinha poderia exagerar mais no luxo - só pra esnobar mais um pouco daquelas locações ). Entretanto, não gostei da fotografia. A trilha sonora é boa, vai de Air a New Order, muito moderninha e variável e não tem Madonna, como disseram. Entretanto, Sofia quer nos dizer da história, do quanto foi difícil pra Maria Antonieta assumir aquele imenso abacaxi que seria a coroa francesa. Sair da adolescência daquela maneira e assumir uma responsabilidade nas costas. Tornar-se Rainha. Em um período de miséria pro povo francês, numa época de guerras e revoluções, o que poderia sobrar pruma jovem senão suportar o peso da ignorância daquele povo ? E pagar por isto ? Ela vive neste filme boa parte de sua juventude deslumbrada, para poucos anos depois, amadurecer suas convicções. Já rainha não teve muito tempo. O filme termina exatamente em uma fuga. Eu entendi que o filme trata desta delicadesa e rebeldia da juventude ora aniquilada pela truculência da vida adulta de alguém com título de Raínha. Sofia Coppola quer falar deste estar ausente sendo presente. Do deslocamento. Do estar-se deslocado. É assim. Dizem que a França não mudou nada. Do xenofobismo. Deste expurgamento das impurezas. Dos costumes, das idéias, do nascer ao morrer. Daquilo que um estrangeiro sente na pele estando lá. Por isto, Cannes ficou tão inflamada com seus franceses ao verem este filme. Não aceitar a visão de um ianque. Mas é isto. Um filme leve. Dos três filmes de Sofia, imagino que este tem uma leveza da narrativa, como as coisas vão acontecendo, mas uma conotação muito forte, um sub-texto muito forte. Os outros dois anteriores vemos claramente as situações e propósitos. Este está mais mascarado. Não é uma história de época, como ela foi. É uma livre adaptação. Nada deste filme pode ser verdade ou mentira. Aliás, tem mais da mentira. A única coisa que vemos claramente é um filme que comenta a história de uma jovem, que poderia ser uma patricinha ou uma futura raínha jovem. O tema é a juventude perdida, a liberdade que é tirada a força, e a melancolia por assumir responsabilidades. Será este o mundo atual ? Sim. Isto está acontecendo em todo lugar.



NINA

Este é um filme inspiradíssimo na obra "Crime e Castigo", de Dostoiévski. Um dos poucos filmes brasileiros com uma proposta deste nível e admirável. A atriz Guta Stresser interpreta Nina, uma jovem repleta de problemas e metida em confusões. Creio que a atuação dela ficou um tanto forçosa, inevitavelmente pela idade da atriz diante do universo da personagem. Que no roteiro dá a impressão de ser muito jovem.
É uma das raras oportunidades para ver a ótima atuação de Myrian Muniz em seu último trabalho no cinema. Ela, por si só, dá um peso extravagante e belo ao filme.
Uma das melhores cenas deste longa é a sequência onde aparece a personagem prostituta, interpretada brilhantemente pela atriz Renata Sorrah. A fotografia é muito boa. Independente da maquiagem borrada de Nina, um tanto gótica demais.

Sinopse
"Nina (Guta Stresser) é uma jovem de sensibilidade agudíssima e mente fragilizada, que procura meios de sobrevivência numa metrópole desumana. A proprietária do apartamento onde mora, Dona Eulália (Myriam Muniz), uma velha mesquinha e exploradora, parece ter prazer em esmagar a vontade da sua inquilina exaurida. Em meio aos desenhos que faz em toda a parte e vivendo a agitada cena eletrônica de São Paulo, Nina mergulha nos fantasmas de seu inconsciente até acabar envolvida em um crime."




Nasce Morre

Haroldo de Campos

Ao enfrentar os quase 211km de congentionamento em SP, estava ouvindo músicas populares numa estação de rádio. De repente, um certo Arnaldo Antunes e seus Tribalistas para animar a festa. Percebendo com certa atenção, é como revisitar a Poesia Concreta ( os concretistas ). Não que estes "novos" sejam herdeiros de algo maior. São as referências. Posteriormente, resolvi fazer uma breve busca no YouTube e encontrei tantas pérolas. Como este poema de Haroldo (um dos fundadores do movimento concretista ou "Geração de 45" e, posteriormente, grupo "Noigandres"). Haroldo publicou um importante livro-poema "Galáxias". Tenho a edição de 84 e outra publicada recentemente pela editora 34.
Cela

Aposento. Aventuras para reflexão. Reduto da miséria humana. Depósitos. Entulhos antropofágicos do homem contrário. Ou a gaiola que aprisiona a liberdade animal. Um encarceramento dos animais racionais. Espaço para ...

Local: Cela do DOPS. "Departamento de Ordem Política e Social. Órgão repressivo do governo brasileiro durante o regime militar. Era neste prédio que os presos políticos sofriam torturas brutais para confissões. Atualmente, é um espaço cultural e ainda mantém sua extrutura original."
Calçada de Concreto

Calçada: Caminho pavimentado para pedestres, numa rua, ger. limitado por meio-fio, passeio. (Aurélio)
Livro de Bolso, noir, rápida leitura.

A noite [Pesadelo]
Guy de Maupassant
Tradução: José Bento Ferreira
Ilustrações: Claudio Mubarac
Editora : CosacNeif

Uma jóia literária breve e certeira, de autoria de um dos mestres do naturalismo francês, Guy de Maupassant (1850-93). O autor cria neste livro um ambiente denso na noite da alma e nos gelos do rio Sena, em Paris.
As monotipias que ilustram a edição foram feitas especialmente pelo artista Claudio Mubarac, professor da Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo e pesquisador de novos suportes para gravuras.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Independence Day

Hoje, através do Skype, tentei falar com uma amiga que mora na Califórnia/USA. Então, lembrei que é feriado lá. A conversa ficará pra outro dia.



Butoh : Poesia Pós-1945

Poesia Pós-1945

Butoh é uma dança. E é arte, performance, teatro e poesia. Surgiu através de estudos de grupos de artistas inconformados e provocadores durante a década de 50. Queriam resgatar a memória individual e coletiva do povo japonês. Desta maneira, podemos afirmar que o Butoh nasceu deste insight, das tragédias ocorridas com os efeitos das bombas lançadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. Através da observação sobre os traumas provocados nas pessoas, como também, na forma em que os corpos foram encontrados. O simbolísmo desta dança é riquíssimo quando observamos as mensagens que os movimentos corpóreos comunicam, as músicas, o silêncio e olhar do ator-personagem. O fato de terem as mãos viradas para trás, com o contorcimento dos dedos, era exatamente assim que os corpos das vítimas foram encontrados : queimados e retorcidos.
Existe ainda a questão ligada à política, sociologia e filosofia. Como uma arte poderia dialogar com estas questões ? Da vangarda artística japonesa, admiro profundamente esta arte. Que tanto pode ser poética, imagética, quanto pode ser extremamente relevante quando mergulhada nas questões que nos instiga ao pensamento, por este olhar interior do homem. Buscando tal conhecimento das tragetórias que a história nos ensina. Ou, nos obriga a compreender.

Eis um livro belíssimo de Inês Bogéa, lançado pela Cosac&Naify : Kazuo Ohno. Infelizmente, a edição está esgotada. Tenho um exemplar deste autografado por Yoshito Ohno (filho de Kazuo).

terça-feira, 3 de julho de 2007

Um certo Machado (...)

Um certo Machado

Harold Bloom publicou dois livros interessantes sobre escritores da literatura ocidental. Os temas discorrem sobre teoria e crítica literária. Com rápidos comentários sobre os autores e destaque para seus principais romances. Entretanto, quando ele comenta destes tais “principais romances”, creio que isto seja pessoal. Aliás, fiquei um tanto decepcionado quando menciona rapidamente sobre a literatura brasileira e cita Machado De Assis. Referindo-se ao Machado como uma “espécie de milagre”. O livro “Gênio – Os 100 Autores Mais Criativos Da História Da Literatura” foi publicado no Brasil em 2003 ( 1ª. Edição ).
Lembro que neste mesmo ano fui ver uma palestra do escritor Salman Rushdie, no Masp. Nesta época, Salman veio no Brasil para divulgação do livro “Furia”.
E não deu outra. Perguntaram pra Salman o quanto Machado De Assis era importante pra ele e do conhecimento da obra do escritor brasileiro.
Salman disse que havia uma lista de livros da América do Sul e de uma editora americana que foram apresentados à ele muito tempo atrás. Falou que os livros latinos eram raros na Inglaterra e tinham que importá-los dos USA ( bizarro isto não ? ). Tais livros surgiram antes das explosões latinas ( fiquei me perguntando o que seria “explosão latina” ). Por incrível que pareça, Borges viria depois. Salman disse que ficou atraído por estas literaturas “norte e sul” americanas. Das escolas judaicas e muitos livros americanos. Depois, comentou-se dos livros da América do Sul. Exatamente nesta ordem. E que estes livros vinham com umas capas surrealistas ( estratégias de marketing ? ). Pois, as capas eram chamativas e belas. Será que copiaram aquela idéia das capas dos lp´s de jazz ? Parece similar. Por incrível que pareça, este tema da importação aqui no Brasil é a mesma coisa. Os livros que são publicados na Europa demoram a chegar aqui. E vice-versa. Esta discussão sobre livros e autores desconhecidos. Engana-se quem pensa que estas listas dos mais vendidos trata-se de novidades quentinhas recomendadas. Que estamos “garimpando” do melhor. Existem milhares de escritores em nosso continente e no europeu ainda desconhecidos da grande maioria dos leitores da língua portuguesa. Trata-se de intercâmbio, pesquisa, busca, e que vai além do mercado editorial. Eu mesmo, encomendei outro dia um DVD de um filme do diretor siberiano Alexander Sokurov. E vou amargar esperando a demora da importação. Creio que Salman comentou muito bem esta questão do intercâmbio versus mercado. E do leitor especializado.
Quanto ao lançamento do Fúria, Salman resumiu que não acha que o teu romance trata apenas sobre vingança. Porém, sobre uma comédia negra. Vários aspectos da natureza humana podem ter diferentes significados de uma mesma coisa. Comenta-se. E esta mesma coisa é o que deu a ele vontade em dar o título de Fúria. E tinha prometido colocar estas duas visões sobre o tema no livro.
O interessante das falas de Salman é o quanto ele valoriza a mistura cultural. Dizendo valer a pena. Talvez, tenha esta visão por ter vivido tanto tempo entre cidades como Bombaim ( que diz assemelhar-se muito com a cidade de São Paulo ), Londres e NY. Quanto ao seu método de produção ele diz não saber ao certo. E se soubesse, brincou que venderia em garrafas. “Uma coisa é querer, outra coisa é ser”. Me parece que ele sempre soube que seria escritor. E ainda faz uma boa ponte entre o que ele pensa e o que o mundo pensa ao debruçar sobre suas criações.
Finalizando, sobre os escritores que influênciou seu trabalho e o que é preciso para ser bom, Salman diz : “Quando você começa como escritor, você começa a se comparar com outros clássicos ou contemporâneos. Querer ir por um certo estilo e gênero. Depois de um tempo, isto já não influencia mais.”
E isto tem muito à ver com um debate recente que pude assistir sobre literatura latina e o mercado global da literatura, prosa e poesia.

Os Demônios Estão Soltos!


4 novos lançamentos pela editora Demônio Negro. Especializada em livros artesanais e "on demand". Aos interessados, enviar email para vanderleymeister@yahoo.com.br

Ana Rüsche, Poeta e Advogada, lançou em 2005 o ótimo (recomendo) livro de poesias "Rasgadas". Agora, lança o inédito "Sarabanda", pelo selo Demônio Negro.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Apolítica


Apolítica
(Para Juliana G.)
Edgar
Quê?
Alan
Põe …
aquele
gato
preto
para
dormir
É silêncio !
Não
Hamlet
Poe! Já colocou o Preto
para dormir ?
Senão ... não verás seu corvo
black-freak hoje à meia-noite
É!
Esta sala-teatro-museu
de cortinas-histórias e
lustre importado de
educação francesa
Tento enxergar
pela penumbra
tua sombra
Hamlet
Porque ...
acabei de
chegar
Fui ver
Antígona
Linda,
gélida,
forte-
fraca-
mulher-
mitológica
Este foi teatro
Você é real
This is the question!
Sente-se
Para ouvir meu brado
Enquanto Poe faz um café
Eu não me interesso
pelo teu corte de cabelo ... m
as
E pela sua técnica vocal
Então
Agora, entrei para a-po-lí-ti-ca
Esta diarréia de ordens avec
desordens
Não
Entrei pruma escola
De artes
Dramáticas
E política.
(Umberto.Alitto)

Flap 2007 (Soy Loco Por Ti América)


2o.Dia : Soy Loco Por Ti América - 14:30
Mediação : Fábio Aristimunho (Poeta)
Vanderley Mendonça (Editor Amauta/Demônio Negro)
Maria Alzira Brum (Escritora e tradutora)
Horário Costa (Poeta e Prof. Dr. Letras Clássicas)
Alfredo Fréssia (Poeta e tradutor)
Joca Terron (Escritor)
Foto: equipe Flap/2007

Flap 2007 ( contaminações )

Espaço dos Satyros (1). Foto: Fábio Aristimunho

No circuito teatral : Trindade

Trindade, espetáculo que entrou em cartaz no teatro da Aliança Francesa, é uma peça que conta uma história no início de 1900. Escrita pelo autor e diretor Caio de Andrade. O texto é muito perspicaz. Exatamente por equilibrar questões humanas, atemporais, com situações políticas que assemelham ao nosso cotidiano. Luciano Chirolli dá um peso exato ao teu personagem. Ele tem uma dramaticidade admirável. Eu não tinha visto Pedro Neschling no teatro. E fiquei encantado e admirado com sua maturidade enquanto jovem-ator. Contribuindo com a evolução do personagem. Muito nítida sua interpretação e fértil tanto para ação quanto poesia e reflexão. Muito boa peça. A trilha sonora nos dá um sabor extra para o espetáculo. Com músicas de RadioHead e outros gêneros similares. No cenário tem um galho seco gigantesco pendurado ao fundo, o que dá a impressão de ser uma fotografia noturna. Por estar de ponta-cabeça sugere uma árvore genealógica ! Afinal, a história fala de famílias. A cenografia é muito simples, deixando os atores livres para ocupar o espaço e criar seus movimentos. Que evoluem no decorrer da história. Os personagens tem seus momentos com ótimos monólogos curtos. O que enriquece ainda mais o universo de cada um deles. Caio surpreende sempre. Foto: site revista Cult.

domingo, 1 de julho de 2007

"Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado"



Algum tempo atrás, Tim Story havia prometido uma sequência melhor pra série do que o filme lançado em dvd no ano de 2005. Fui conferir a pré-estreia neste final de semana e não surpreendi muito. As cenas de ação, talvez, não somam 20 minutos das sequências do filme. É um longa recheado de ação, sem dúvidas. Entretanto, deram uma carregada no melo-drama. Os Quartetos estão famosos e ricos. Enfrentam aquela vidinha chata de gente famosa. Com notícias em jornais televisivos, casamentos concorridos, problemas existenciais, dramas pessoais e muita pesquisa científica. Eis o cotidiano do Quarteto. Tão famosos nos HQs e, no telão, ganham outra dimensão. Sem sombra de dúvidas, a melhor coisa nesta série é o personagem Surfista Prateado. Engana-se quem imagina que são os super-poderes do Quarteto. Ou ainda, a dúvida da mulher invisível ( Jessica Alba ) e Dr. Richards para largarem tudo e casar. Tornarem "pessoas comuns". Aliás, Jessica aparece com um cabelo loiro-palha horrível. Aquela mulher com aquele corpão (com direito a capa da Playboy e tudo), que fica invisível, não conseguiu escapar da alta-definição das novas cameras de filmagem. Dá até pra ver restos de rimel numa maquiagem boba. E o homem elástico (Dr. Richards), ora aparece com rugas ora aparece rejuvenescido. Estranho não ? Será o fato de ser de borracha ? Enfim, a gente perdoa certos truques, exageros, excessos desnecessários. Falta de estética cenográfica. O filme tem tanto cenário artificial, apartamentos, laboratórios, com tamanha frieza, que é impossível acreditar que alguém viveria naqueles lugares. Tem muita exatidão e despropósito, o cenário chega a ser bucólico e ingênuo. Ainda locupletaram de uma dramaturgia cheia de historinhas dramáticas. Demasiadamente humanas para "4 super heróis" tentarem nos comover. Não existe um contraste na altura dos sentimentos que os personagens heróis tentam humanizar. A interpretação dos atores é um tanto inadequada neste sentido. Um ponto interessante são as tomadas externas. Com locações diversas, incluindo imagens via-satélite do planeta terra e do espaço. Voltando ao personagem Surfista Prateado, brilhantemente interpretado pelo competente ator-performer Doug Jones. Ele emprestou seu talento para que o personagem fosse totalmente criado no computador. Doug tem apenas 1.98m de altura, é magro e esquisito. Ele consegue ser carismático com um personagem tão sombrio e cheio de ação. Dando um tom de interpretação incrível para este personagem-cult, Surfista Prateado. Neste episódio, ele age em nome de Galactus, o destruidor dos planetas. E luta contra o quarteto para conseguir seu objetivo : salvar seu planeta e sua amada. Porém, muita coisa acontece. E ao conhecer Susan Storm, seus diálogos fazem do Surfista refletir sobre tudo. Passado e futuro. Colocando de lado sua filosofia e jeito zen, suas origens e lançando um olhar em prol do planeta terra. Voltando seu olhar à questão da sobrevivência deste planeta. É bem aquela visão do estrangeiro, do outsider, que vai criando uma opnião sobre uma sociedade, país e seus povos. Ele acaba por acreditar que pode mudar - no último instante - o destino. E acaba por inverter o rumo das coisas. Nem que custe sua vida (e a vida do teu planeta !).Os últimos minutos do filme é arrebatador. Lutar em prol de que e para quem ? O bem contra o mal. Enfim, o planeta terra ainda permanecerá vivo por quanto tempo ? Enquanto o quarteto viver nas telinhas, a gente acredita.

PS : O 2o. filme sobre os Quartetos arrecadou quase meio bilhão de dólares. Neste filme que estreou, só o personagem Surfista Prateado pegou boa parte da verba do filme. Os estúdios FOX colocaram seus "homens" na construção dos efeitos especiais e do personagem prateado. E as sequências de ação estão em boa dose de adrenalina.

Curiosidades sobre o ator Doug Jones :


Sapien in Hellboy


On "Urban Rush" in Vancouver


Labyrinth


Processo de criação do "Fauno"