terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Estrela (Manuel Bandeira)

“A Estrela”


Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria !
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.


Análise do poema :

Neste poema, novamente a presença deste astro, como uma imagem persecutória no universo Bandeiriano. Pode dar a interpretação de um destino ou de uma personagem famosa, feminina. Que nos remete as mulheres retratadas nas suas poesias. Por outro lado, submete a um universo inalcansável ou um limite. Poderia ser uma mulher impossível de conquistá-la ? Como em “Estrela da Manhã”? Também, existe toda uma ambientação, como se contemplasse as estrelas em um momento de reflexão e solidão, isolado em um quarto e observando o céu. Numa metáfora, podendo dialogar com outros temas como uma paixão por uma mulher impossível.
Percebemos novamente um tom utópico e quando fala em esperança no fim triste do seu dia. O que, quando no final do poema, diz o contrário. Como uma estrela é um objeto para ser apreciado, visto e não tocado, termina a poesia de maneira irônica, entendendo da impossibilidade de tocar ou aproximar deste astro. Existe um tom de tristeza dentro deste sentido utópico. “Para dar uma esperança mais triste ao fim do meu dia” reitera a expressão de tristeza, de uma fase de imenso tédio e que beira a melancolia. São estes temas tão comuns e palavras escolhidas que dão o tom a poesia de Bandeira. Ora melancólica, triste, ora irônica e beirando ao lirismo e a utopia.

_umberto.alitto

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei da análise! ;)