domingo, 23 de dezembro de 2007

Thomas Crown Affair - Returning the Painting

Obras valiosas de Portinari e Picasso são roubadas do MASP

21/12/2007 - 13h37
Roubo no Masp expõe condições "nefastas" de segurança, diz jornal
THOMAS PAPPON
da BBC Brasil

Uma reportagem do jornal espanhol "El Mundo" afirma que o furto dos quadros de Picasso e Portinari do Masp (Museu de Arte de São Paulo) expõe condições de segurança "nefastas" nos museus latino-americanos.

A reportagem repercute a ação criminosa em que ladrões levaram do museu as pinturas "Retrato de Suzanne Bloch", da chamada fase azul de Pablo Picasso, e "O lavrador de café", de Portinari.

Para o "El Mundo", o roubo "volta a colocar em evidência as nefastas condições de segurança nos museus latino-americanos, em especial os brasileiros".

"Uma questão que é, em realidade, extensão do grave problema que representam no país as ações criminosas."

A reportagem lembra que em outubro o Masp já havia sido alvo de uma tentativa de roubo. Em novembro, uma coleção de moedas raras do Museu do Ipiranga foi roubada, sublinha o jornal.

Outros jornais

O episódio também foi parar nas páginas de outros jornais europeus e sul-americanos.

O argentino "La Nación" diz que "todos os olhares estão postos no sistema de segurança do museu, sobre cujo funcionamento houve contradições nos primeiros interrogatórios dos vigilantes".

"O Masp, um impressionante edifício modernista inaugurado em 1968, está localizado em pleno centro financeiro da cidade, na avenida Paulista, uma das áreas mais vigiadas do país", diz o diário argentino.

Já o britânico "The Guardian" destaca que a ação foi planejada "em detalhes de minuto", e que a polícia não descarta a possibilidade de ter havido colaboração de pessoas do próprio museu.


Link da reportagem do jornal GLOBO :

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM768591-7823-VIDEO+MOSTRA+ACAO+DOS+LADROES+DENTRO+DO+MASP,00.html

O que está no youtube :



sábado, 22 de dezembro de 2007

Sepúlveda : Personagem de "Instantes"



Envelhecem aqueles que não entendem as atmosferas opostas e que podem ser tão parecidas. Basta que as veja com outros olhos. E se permitir mais.
Eu busco amigos. Pois, acho que a força da vida está na amizade.
E o fim da vida é algo tão depressivo. Você me entende ?
O Verde, sempre na esperança. Eu sou verde. E afim de matar pela loucura que te proponho. Aniquilar a esperança é anular-se no tempo. Só achará o verde, o imaturo.
Eis um terreno para ser cultivado. Um plantio novo em terras virgens. E "nada é por acaso" ( Exupéry ). Isso define qualquer pessoa que conheço. Isto pode ser o reflexo no espelho. Você projetar-se na imagem do outro. No meu caso, não projeto, atuo. Porque eu sou real, você é real. O resto é sonho. Saiba de uma coisa: Não desisto jamais. Só convido para um xadrez quem pode duelar. E viver é uma constante batalha. Lembre-se disto.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Argentino compra quadro de Tarsila por US$1.5 MM

Cinema brasileiro é alvo de investidores
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Luz, câmera e...ações! Antes marginalizado e fora dos grandes circuitos internacionais, o cinema latino-americano atrai investidores dispostos não a ser beneméritos da cultura mas a ganhar dinheiro com o setor.

O empresário argentino Eduardo Constantini Filho, 31 --que está no Brasil para acompanhar a estréia de "Tropa de Elite", do diretor José Padilha, no qual investiu US$ 2 milhões--, é um exemplo: constituiu um fundo de US$ 25 milhões para aportar recursos em projetos do setor.

O capital, disse, permite investir em 15 filmes ao longo de cinco anos. Mas, diante de suas pretensões, o dinheiro é pouco. Por isso, o empresário busca um sócio brasileiro que lhe possibilite alavancar o fundo e, ao menos tempo, captar bons roteiros e projetos consistentes de diretores brasileiros.

O modelo já é adotado por sua empresa, a TLAFC (The Latin American Film Company), nos EUA. Lá, está associado aos irmãos Bob e Harvey Weinstein, ex-donos e fundadores da Miramax. Associação semelhante tem no México.

Falta, porém, encontrar um sócio no país, diz Constantini. "O Brasil é um mercado grande e promissor, com uma tradição de bons diretores", afirma.

Constantini apostou suas mais altas fichas no longa "Tropa de Elite", que abriu ontem o Festival do Rio e que entra em circuito comercial em 12 de outubro --depois de ter virado produto fácil nos camelôs do Rio e de São Paulo.

Do mesmo diretor do documentário "Ônibus 174", "Tropa de Elite" recebeu o maior aporte de toda a história da TLAFC, sinal de confiança no projeto, segundo o empresário.

Oscar

"Estamos trabalhando para distribuir o filme no exterior e, oxalá, colocá-lo na disputa do Oscar de filme estrangeiro. Harvey Weinstein veio ao Brasil para o festival com o objetivo de promover o filme e ajudar numa possível indicação ao Oscar. Ele está muito empolgado com o projeto", disse.

O investidor espera 500 mil espectadores para "Tropa de Elite", que já tem 150 cópias distribuídas no país.
O fundo, conta o empresário, funciona em duas mãos: procura filmes na América Latina para investir e distribuir no mundo e busca produções fora do continente com potencial para serem exibidas no país.

É o caso de "A Rainha", que recebeu US$ 700 mil do fundo e se credenciou a concorrer a seis estatuetas do Oscar. Só na América Latina, foi visto por mais de 1 milhão de pessoas.

Constantini começou a trabalhar com o pai no mercado financeiro. Foi diretor da Consultatio Asset Management de 1995 a 2000. Naquele ano, começou a estudar cinema. Dois anos depois, passou a diretor do museu Malba, em Buenos Aires, que abriga a coleção de arte de sua família.

Constantini pai é um dos mais importante colecionadores de arte da América Latina, com interesse particular na brasileira. Comprou em um leilão, "Abaporu", de Tarsila do Amaral, por cerca de US$ 1,5 milhão.

Francis Bacon (1909-1992)

Um amigo meu assustou quando disse que Francis viveu mais de 80 anos. É verdade. Certa vez, assisti um documentário sobre ele na TV Cultura. Continha uma entrevista, por sinal, muito engraçada. Ele completamente chapado, devido ao àlcool que sempre consumiu. Percebia-se que não estava sóbrio, porém, extremamente interessante seus diálogos. Ler e ouvir sobre sua arte e vida é impactante, hipnótico, magnífico. Sempre um aprendizado. Lembro de ter visitado - tempos atrás - a Galeria Fortes Vilaça. Encontrei várias telas do F.Bacon. O exagero das tintas, eram telas muito pesadas. A grossura das pinceladas, as cores, os contornos, a percepção cromática de luz, tons escuros, aquilo gerou em mim tamanhas impressões sobre o artista. Lembrou vários trabalhos do Iberê Camargo. Artista que também fora influênciado por F.Bacon. Eu gosto de telas pesadas, carregadas, aquelas marcas de espátulas proporcinando outro tipo de realismo. Seus temas. Li em um livro de arte que a primeira exposição de Bacon gerou tremendo escândalo na Europa. Exatamente porque os artistas vinham dialogando muito sobre as guerras, a matança de pessoas e crianças no continente Europeu. Bacon soube dialogar com estas experiências. A arte tem este sensorial apurado. Este viés ou diálogo com temas relevantes. Jackson Pollock era outro artista de obras monumentais, carregadas de camadas de tintas. E Pollock também tinha estas experiências com bebidas. Por conta do vício. Não sei se poderei dizer que isto influênciou toda sua obra. Creio que sim. Bacon era maluco e genial. Sempre acreditei que artistas, no caso do desenho e pintura, ou nascem com este dom ou tem algo espiritual. Aquilo que vai além da técnica, que supera ou independe dela. Bacon não fez faculdade de artes. Entretanto, foi um gênio. Sendo magnífico com sua arte e estilo. Sua maneira de fazer as pessoas encantarem ou não com teu trabalho. Apesar que ele nunca importou com as opniões e/ou críticas. Pintava seus quadros e, depois de concluí-los, jamais voltava a trabalhar neles. Nem sequer tinha interesse em vê-los. Bacon é um dos meus artistas preferidos. Sempre será.

Encontrei estas pérolas no Youtube. Alguns vídeos foram apresentados em programas televisivos no Brasil. É uma bela mostra do trabalho deste artista plástico.



On Life, Death, and Gambling















O estúdio do Francis era uma bagunça. Dá pra ver os "baldes" de tinta. Que tanto caracterizou sua pintura e traços "pesados" e "carregados". Extremamente marcante e característico da sua obra genial.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Amores Constantes





A tua língua ácida é mais
interessante quando passeia
pelo meu corpo
E os teus lábios

trêmulos

Sua temperatura esquenta

debaixo dos lençóis brancos
E quando amanhece,

o que restam
são manchas,
desenhos,
migalhas esquecidas
pelos cantos

A poeira no sofá ainda

desenha sua silhueta
Assim como,
suas
pegadas deixadas pelas
plantas dos pés

Na varanda,

maritacas musicam
alguma coisa
E a porta

semi-aberta

Um relógio toca sete horas

da manhã
[Despertador de mim

mesmo ]

As gotas do chuveiro

pingando alto sobre
os azulejos
E sua partida

breve

Sinto o traveseiro ainda

quente
alguma lembrança
E as cinzas deixadas

no cinzeiro

O copo manchado de

vinho tinto

Queria que fosse embora
Para sentir o gosto da despedida

Agora, só me resta

pensar no amanhã
Quando a porta

novamente abrirá
E você se acomodará

entre as coisas
deixadas
no ontém

Não desespere

porque ainda é dia
e a noite logo virá


Metamorfoses ...



Incrível, como Kafka continua rendendo. Isto é, o romance "A Metamorfose" ainda é um livro extremamente contemporâneo e sofisticado. Esta animação que postei acima tanto mostra o universo feminino, recheado de estéticas e padrões de beleza, quanto temas mais profundos como identidade, sexualidade e aceitação. Atualmente, tenho visto muitos jovens sofrerem com estas passagens da adolescência para vida adulta. Principalmente, a questão da aceitação (corpo, vóz, aparência, conteúdo e sexualidade). E o que mais me assusta não é o fato do jovem aceitar a si mesmo, e sim, como recebem as reações alheias. Ou seja, parece que eles dão muito mais importância às opniões. Como os outros irão aceitá-los. Os que sofrem mais são aqueles que ainda não tem afirmação, vivem num eterno universo de questionamentos, perguntas e poucas respostas. As dúvidas são interessantes para propor pensamentos. E justificar o fato da busca pelas melhores respostas. Entretanto, creio que a personalidade bem construída irá dar uma base sólida para as mudanças vindouras. Eu tenho tido muito mais amigos na faixa dos 30 aos 50 anos. E como tenho enriquecido com isto. Parece-me que esta fase dos 30 aos 50 seja a mais interessante. Eu acabei de entrar na faixa dos 30 e poucos anos. E tem sido ótima. Considero muito melhor que as anteriores. Quando eu tinha vinte e poucos anos, gostava de conversar com pessoas entre 20 e 30 anos de idade. Parece que a cada nova década que enfrento, somo pessoas com mais de 10 anos do que eu tenho. Ou seja, entro num novo ciclo. Se hoje tenho 33 anos, meus melhores amigos estão na faixa dos 35 aos 45 anos de idade. Claro que tenho ótimas amizades com pessoas de vinte e poucos anos. Todas as fases são interessantes para o indivíduo. E amizade é um tanto complexo para que eu possa definir. Pois, existem inúmeros fatores em jogo. Mas afirmo com convicção de que aprendo muito mais e vivo com mais intensidade agora. Sem medo. Sem dúvidas eternas. Parece que entramos numa nova fase do jogo. Como se tivéssemos montados em cima de uma máquina possante e a velocidade pouco importa. Antes, parecia estar montado em uma máquina que corria velozmente mas era frágil. A idade é algo extremamente interessante. A fase dos trinta aos quarenta anos de idade tem sido surpreendente. Tem sido reveladora. Ao mesmo tempo que é romântica, é sofisticada, translúcida, perfumada, sedutora, sábia. Ela vem com toda sapiência e te envolve num manto poderosíssimo. Você sabe o que quer, onde quer estar, o tempo que quer ficar e para onde mira sua pontaria. É extremamente orgástica, criadora e criativa, artística, poética, rima em versos livres, não te prende, te joga em voo livre e você sabe que suas asas te suportarão. Este suporte é magnífico. E, principalmente, a vontade de realizar. Você sente a cobrança, logicamente. Mas as realizações são recheadas de conteúdos, significados, parece que temos mais expressão, mais sentido. Tudo é melhor. Quero vivenciar e aproveitar os momentos. Daqui 7 anos irei entrar na casa dos 40. Outra fase. Outra metamorfose. Creio que será belo. Não estou nem aí para calvícies, rugas, aparências plásticas, cabelos brancos, óculos mais fortes por conta da miopia, roupas novas para parecer mais jovem. Creio que com meus 40 anos irei andar de preto, com cabelos compridos até os ombros, óculos escuros e pesados, sem relógios de pulso, livros para presentear amigos (sempre), retórica para enxugar as falas, um bom aparelho portátil de som ( tocando alguma coisa erudita, jazzística, de repente, um blues ou um som industrial moderno) para destrair das maluquices modernosas que infectam a atmosfera clássica da paisagem, um par de sapatos velhos desbotados, alguma tatuagem que marcará alguma fase qualquer futura, e a cabeça plugada na arte. De repente, um bar para sentar e jogar conversas foras, sem preocupar-se com o tempo que avança. Distrair com as atmosferas, as temperaturas, os cheiros, o tempo oriental e a sabedoria zen. Um mutante ? Um ser humano mais velho e feliz ? A infelicidade existe porque permitimos. Umberto Eco acaba de publicar um livro sobre a feiura (História Da Feiura) que é lindo. É antítese. Um livro belo, sobre artes belas de figuras "feias". O conceito é o mais importante. E o gosto é algo tão pessoal. Afinal, como uma amiga minha disse certa vez : "A beleza está nos olhos de quem vê". Eu respeito a idade, todas elas tem seus momentos. Respeito a criança, o jovem, o adulto e a velhice. Todas são lindas. Tem sua poesia e musicalidade intrínseca. A personalidade ainda é um grande mistério. Descobrir a si mesmo, compreender o outro, aceitar sem preconceito o mundo que te cerca. É um exercício complexo e exige tempo. Entretanto, só mudamos quando compreendemos verdadeiramente os significados. Não só ficar nas aparências. E sim, ver o âmago, o seio da questão.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Só Para Fumantes : conto do peruano Ramón.




Eu fico imaginando como deve ser a experiência de um "não fumante" ao ler este livro do Ramón. Exatamente, o primeiro conto do livro. É um conto grande. Um contão. Como daqueles da Clarice : "A Paixão Segundo G.H". E não fosse apenas pela primeira pessoa na narrativa, seguindo uma estrutura quase similar de um monólogo. A história deste primeiro conto da série, de tão mórbida, parece alguém beirando o abismo. É penetrante e vai te cativando à cada página. O personagem jovem vai envelhecendo, ficando doente. Você ri de tão absurda tal história do fumante. E vamos acostumando em ler sobre este hábito cotidiano do personagem - de tragar fumaça e dar baforadas. A história conta a vida de um viciado em cigarros e escritor, que ganha dinheiro ocasionalmente por conta dos livros que vai vendendo e dos trabalhos arranjados como bicos. Ele, sempre beirando a miséria. Trocando moedinhas por cigarros. Alimentando pouco pela falta de condições. A ponto de adquirir úlceras no estômago. O sujeito além de ter fumado tanto na vida, mas tantos tipos de cigarros, com suas falas acaba por dar uma aula sobre tabacos e marcas. Ele viaja pelas periferias da América Latina até a França. E vai contando toda "sociologia" do cigarro, dos tipos de fumantes, das marcas e preços. Fala o tempo todo de suas paixões. Inclusive e principalmente : o cigarro e a literatura. E ficamos sempre impregnados por estas fumaças e baforadas do conto. A narrativa é tão admirável, ora detalhista ora rápida, como quanto ao prazer de fumar (para os fumantes). E tal narrativa segue o rítmo da ansiedade de um fumante. Seu desespero na falta de cigarros. Suas teses perante os hábitos. Suas esquisitices. Seu modo de ser e de encarar a vida. E sua calmaria após o alívio de umas tragadas. Não é um personagem psicótico. Não seria um "prato cheio para psiquiatria" elaborar uma dialética sobre teorias da psicanálise ao analisar este personagem. Pois, vemos inúmeras pessoas ao nosso cotidiano que tem esta paixão pelo hábito de fumar. E que não é feio e proibitivo, como as convenções e tratados atuais sugerem. O signo mais interessante do conto, talvez, seja este ritual do cigarro (fumar), das bebidas, do café. O universo dele, introspectivo e suas obcessões. Seus trajetos sempre parecidos. De onde vem aquelas obcessões ? Ele é tão prático com a vida. De uma simplicidade. Ele está focado nas suas ambições mínimas e nem está aí pro mundo ao ponto de nos invejar. Cria um estilo de vida. Como ele vive em função das miudezas da vida, das coisas mínimas. E viciado em cigarros. Como se isto fosse a maior alegria para um dia inteiro de tormentos e preocupações. E basta. Esta vida me lembrou do próprio Fernando Pessoa nas suas caminhadas breves pela baixa Lisboa. Era outro fumante veterano. Porém, Fernando Pessoa era real. Este do conto é ficção. Outras vezes, lembra o personagem Bartleby criado por Herman Melville. Um sujeito que praticamente vivia num escritório. E como a obra de Ramón parece um tanto biográfica. A história desenvolve um universo de um sujeito que não é nem um pouco semelhante com nossos modelos de heróis-capitalistas. Que sugere uma contra-cultura. O oposto. Eu gosto disto, este lado B.Os demais contos falam sobre a família classe média, de tias. E outros até refletem situações vivenciadas pelo próprio autor. É uma delícia de ler este livro. E realçar sobre o trabalho impecável de tradução da CosacNaify e do projeto gráfico do livro, que é um charme à parte. Antes, só líamos Ramón direto do espanhol. Não existiam traduções. Ramón morreu em 1994, depois de receber o prêmio Juan Rulfo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Ingmar Bergman - Cries and Whispers



Eis um belíssimo trabalho de Bergman. Somente superado (pela estética e temática) pelo também estupendo "Fanny & Alexander". Em "Gritos e Sussurros", nesta sequência acima copiada do youtube, podemos ver a agonia da personagem Ágnes. Brilhantemente interpretado pela atriz Harriet Anderson. Como o tema revela, é um filme que ilustra um painel desta impotência humana diante da doença e morte. E neste exílio familiar (por conta da doença de uma das irmãs, da reclusão forçada pelos padrões sociais e da moral protestante), o filme vai contando uma história que é o caminho da salvação. Ou não. O filme é recheado de uma atmosfera onírica, de cores brancas, VERMELHAS e pretas. De uma fotografia penetrante e bela. Um filme pra ser visto incontáveis vezes.

Edward Hopper


Edward Hopper foi um dos maiores pintores realistas do século XX. Realista imaginativo, foi bastante influênciado pelos estudos psicológicos de Freud e teorias intuicionistas de Bergson. Trabalhos que buscavam uma compreensão subjetiva do homem e dos problemas cotidianos da vida moderna. Eu gosto dos temas do Hopper : os ambientes urbanos sempre iluminados por uma luz um pouco estranha, a melancolia, a solidão. Infelizmente, não tenho dinheiro para comprar obras do Hopper. Porém, fica aqui um registro de um sonho de consumo. Afinal, sonhar não é proibido. Por isto, existem os livros de arte. Que é infinitamente mais acessível do que uma tela de um artista famoso. Eu não acho caro os livros de arte. A não ser os importados que ficam com preços elevados por conta das tarifas de importação e conversões de moedas. Algum tempo atrás li algo interessante do Russell sobre "Governo" e "Pessoas Ricas". Ele escreveu que "o conhecimento necessário só poderá existir se os governos e os milionários dedicarem-se à sua descoberta e difusão". Por isto existem os mecenas. Geralmente, são pessoas muito ricas e dotadas de muita cultura e conhecimento. Sou a favor da democracia do conhecimento. Afinal, como afirmou o futurólogo Alvim Toffler, de que o século XXI é o período do conhecimento, a entrada na terceira onda. E conhecimento é transformar a informação em sabedoria. E aplicar esta sabedoria em diferentes campos das ciências e das artes. Seja pelo estudo, entendimento ou aplicação disto. Para o conhecimento, não existem limites.

Vídeo de conclusão de curso : CosacNaify

Encontrei este vídeo no youtube. Tem uma descrição como sendo um trabalho de conclusão de curso. É belo. Eu sou fã da editora Cosac e já cheguei a ter insônia com alguns lançamentos (Esperar pela chegada de alguns títulos nas livrarias). Vale a pena ver o vídeo.

Aqui :



Site da editora --> http://www.cosacnaify.com.br/

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Oswaldo Goeldi

"Solitário", Xilogravura, 1950
http://www.centrovirtualgoeldi.com/img_bd/000176_G.jpg


"Pesadelo 2", Nanquim, 1917
http://www.centrovirtualgoeldi.com/img_bd/000442_G.jpg


Oswaldo Goeldi

O brasileiro Goeldi foi um grande Ilustrador, desenhista e gravador. Nascido no Rio De Janeiro, participou de importantes exposições, como na 25a. Bienal de Veneza. Na primeira Bienal Internacional de São Paulo, Goeldi ganhou um importante prêmio de Gravura. Suas obras já participaram de uma centena de exposições no Brasil, França, Suíça, Espanha e outros países.

Atualmente, ando estudando desenho (lápis carvão, nanquim e aquarelas), e tenho observado cada vez mais o trabalho de Goeldi. Desde que conheci este desenhista e ilustrador, jamais deixei de observar sua trajetória. Eu acredito que sua arte seja conceitual, é conceitual. Atualmente, comprei um livro de entrevistas com o artista Francis Bacon ("Entrevistas Com Francis Bacon", ed. Cosac Naify) e que não paro de ler. Uma das coisas que Bacon comenta é sobre o trajeto das tuas pinturas. Que quase sempre eram acontecimentos. Isto é, o trajeto da tinta e dos traços pareciam ser acidentais. E desta arte "não pensada", e sim, "ocasional", ele daria grande importância na sua trajetória artística. Talvez, posso imaginar o quanto Bacon e Goeldi poderiam ter sugerido coisas entre seus trabalhos caso fossem amigos. São trabalhos muito diferentes. Mas tem uma universalidade. Como na fase dos pesadelos que Goeldi tentava retratar nas suas ilustrações. E Bacon fazia algo também muito diferente com sua perseguição por retratar o Humano de maneira tão forte e tão diferente. São artistas que admiro, que me faz pensar sobre a capacidade da arte e do quanto ela pode transformar a cultura ao qual ela também faz parte.

Informações :

http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Goeldi

http://www.centrovirtualgoeldi.com/default.aspx

tArAnTuLa



"Lullaby"

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

3o. Prêmio Bravo! Prime De Cultura

Eu havia prometido algum tempo atrás publicar esta lista. Com toda correria comum desta época do ano, os dias passaram. Porém, resolvi publicar a conhecida lista. Ninguém esperava a morte de Paulo Autran. Fica aqui meu respeito e admiração por este ator e pessoa sublime. Quanto ao livro "A Máquina De Ser" do João Gilberto Noll, estou relendo. É um livro de contos admirável e contagiante. Também estou relendo "De Novo Nada", do poeta Paulo Ferraz. Este livro de poesias concorreu ao prêmio "Bravo! Prime De Cultura". É um belo livro, cuja poesia estonteante e veloz me faz mergulhar nesta obra inúmeras vezes. Afinal, como o poeta escreve "nossa mudez é absoluta", assim sinto-me diante do mundo. Na eterna caverna de Platão que interrompemos, ou o abismo que saltamos mesmo sem escolher asas apropriadas para voar. Afinal, a arte propõe tantas possibilidades de sentir o mundo. O melhor de tudo é que ainda conseguimos sentir.


Emocionante!

O prêmio vai para...
Confira os artistas e os colaboradores culturais que receberam a estatueta do 3o Prêmio Bravo! Prime de Cultura, em cada uma das áreas:

  • Artes Plásticas : Mundus Admirabilis - Regina Silveira
  • Teatro Gaivota : Tema para um Conto Curto - Enrique Diaz
  • Literatura : A Máquina de Ser - João Gilberto Noll
  • Dança : Pequenas Frestas de Ficção sobre Realidade Insistente - Alejandro Ahmed
  • Cinema : O Céu de Suely - Karim Aïnouz
  • Música Erudita/CDPiano : Transcriptions - Ira Levin
  • Música Popular/CD : 1.000 Trutas 1.000 Tretas - Racionais MC'S
  • Música/Show : Angela Ro Ro no Sesc - Angela Ro Ro
  • Personalidade cultural - Pedro Herz
  • Melhor programação cultural :Sesc São Paulo - Danilo Santos de Miranda
  • Artista prime do ano -Paulo Autran