quinta-feira, 16 de novembro de 2017





Festival Internacional de Berlim transformou jovens refugiados do Afeganistão em poetas.

Enquanto o presidente parlamentar da Alemanha, Norbert Lammert, ainda conversava com o escritor argelino Boualem Sansal sobre o romance "2084. O fim do mundo", as multidões já estavam fazendo fila para o "Projeto de Poesia".
Durante o período de oito meses, jovens de 14 a 18 anos do Afeganistão e do Irã encontraram-se com seus mentores de poesia em Berlim para realização das oficinas. Todos tinham uma experiência em comum: eles teriam viajado sozinhos, alguns deles indo do Afeganistão para o Irã, onde viveram tempos difíceis para depois partir pra Europa. Yasser Niksada, o mais jovem do grupo, disse: "Esteja ao meu lado e veja o que acontece comigo". E, de fato, usando palavras e ritmos para capturar estas experiências tão particulares e duras, os refugiados conseguiram alcançar não apenas as mentes, mas também as emoções da platéia. Eles expuseram suas vidas e pensamentos - e a audiência entendeu.
Os poemas falam de medo, solidão e anseio. Muitos dos poemas falam de saudade de um Pai ou uma Mãe que perderam. "se eu pudesse, me transformaria em calos na sua mão" escreveu Samiullah Rassouli, de 17 anos de idade, em um poema para seu Pai.
Kahel Kashmiri, outro jovem poeta, disse que quer seguir a carreira de poeta e escritor.
os jovens leram seus poemas em um alemão impressionante, conforme escreveu a matéria. e tiveram poucos meses de estudos.
"Nunca ouvi poemas como estes antes", foram as palavras de Uli Schreiber, antigo membro do Parlamento de Bremen ( CDU ). "Estes são versos que entrarão na memória coletiva do nosso tempo".

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Informática na era da Informação


informática para os portugueses tornou-se sinônimo de ciência da computação. enquanto para os brasileiros, seu significado está associado aos estudos em processamento de dados. porém, no início do século XX, a matemática já adotava conceitos do estudo da informação através de problemas que poderiam ser computados ou resolvidos através de simples instruções que ganharam o nome de algorítmos durante a revolução industrial.
ao longo do século 20, computadores de grande porte ajudaram enormemente no campo das pesquisas científicas e automação das empresas. no início, um único computador de grande porte - o Mainframe - ocupava salas tão grandes quanto estádios de futebol e uma equipe reduzida de profissionais altamente treinados e muito bem pagos. se por um lado os dados estavam sendo digitalizados para serem processados por computadores, por outro lado, os livros ainda eram impressos no papel. parece que os dados, durante muito tempo, ainda seriam disponibilizados como resultado final em formulários impressos. esta revolução ainda não foi muito bem trabalhada : o fim do papel enquanto para uso de impressão de dados.
no entanto, em meados da década de 1980, começou uma outra revolução: levar os computadores para os lares. e o desafio de transpor este abismo foi completado com êxito. se no começo do século 20 os cientistas queriam transformar os algorítimos em processos simples para resolver problemas e criaram grandes computadores, na 2a. metade do século 20 alguns jovens frutos do movimento hippie entenderam que era possível criar pequenos computadores e levar para as casas. desta forma, tornar o computador popular e acessível. nasce uma outra indústria, a dos computadores pessoais. a revolução foi tão intensa que os computadores pessoais invadiram os escritórios, as escolas e os lares. como resultado, milhões de computadores de pequeno porte foram produzidos. mas, para vencer este desafio, não somente tiveram que criar softwares inteligentes que facilitassem a vida das pessoas comuns (diferentemente, daquele grupo restrito e especializado que operavam os computadores de grande porte), como também trabalhar intensamente no marketing destes produtos. Bill Gates e Steve Jobs, com toda certeza, tornaram-se nomes populares e grandes responsáveis por esta transição dos computadores e de sua presença nos lares como se fossem eletrodomésticos. sobre a questão dos papéis e dos livros versus livros digitais, isto não foi bem resolvido ainda. parece-me que continuamos digitando textos em diferentes plataformas, mas gostamos de ler no papel. aqui a transição - que poderia ser mais fácil do que a transformação do computador de grande porte ao computador que parece um eletrodoméstico - não parece evoluir. ao mesmo tempo que a informática é todo este aparato tecnológico, a informação é o processamento e a manipulação dos dados. tanto é também o conhecimento que é passado, seja por um veículo que informe ou por um porta voz. hoje, temos inúmeros aplicativos e programas de software que fazem armazenamento de voz e disponibilizam para que possamos ouvir num dado momento. como exemplo, o soundcloud que permite criar e disponibilizar podcasts. aliás, o soundcloud coloca tudo na nuvem, o que facilita utilizar a partir de qualquer dispositivo seja celular ou computador pessoal.
o cientista Alvin Toffler previra em 1980 que a era do conhecimento seria a transição da era da informação que sucedeu a revolução industrial. ou seja, embarcamos faz algum tempo na era do conhecimento. então, desde que os computadores chegaram nas casas como novos eletrodomésticos, tudo ficou mais simples. em teoria, a simplicidade de ligar um computador e usá-lo faz sentido. porém, parece que a sociedade ainda não conseguiu assimilar bem o que é a era do conhecimento. para que se tenha conhecimento, é preciso antes de mais nada organizar os dados, as informações e processá-las. mas isto não deveria ser papel dos computadores? os computadores que estão nas indústrias e universidades, órgãos do governo, processos milhões de dados e muitos deles científicos, envolvendo cálculos complicados. enquanto os computadores nos lares ficam conectados na internet, podendo substituir os jornais impressos e revistas (estes que diminuíram significativamente a produção em papel devido as vendas em queda), facilitando pequenos trabalhos com planilhas eletrônicas e editores de texto. em contra-partida, os jogos de computadores e a internet impulsionaram a disseminação destes computadores pessoais. e a China começa a aparecer nesta história. os computadores pessoais só tornaram mais baratos em meados da década de 1990 e início no novo século. o único país no mundo que possibilitaria fazer placas de circuito impresso e qualquer outra parte do computador em grande escala e barato seria a China. se por um lado facilitaram o acesso ao computador pessoal, o que de fato fazer com ele? Steve Jobs e Bill Gates realizaram - mesmo que de forma concorrente - o sonho de colocar nos lares computadores pequenos para uso pessoal. mas enquanto esta revolução corria mundo, como nós brasileiros deparamos com o conhecimento? deveríamos tornar pessoas mais inteligentes pelo fato de termos computadores em casa e nas escolas? parece que, do ponto de vista dos cientistas de começo de século quando faziam experiências com dados matemáticos e algorítimos, faria sentido. no entanto, hoje vemos que os alunos tiram notas baixas nas escolas, o ENEM parece demonstrar que os jovens não estão assimilando bem esta era do conhecimento e o papel no formato livro ainda não ficou 100% digitalizado. são dados do quebra-cabeça que não juntam. o livro veio antes do computador, isto é fato. mas o computador e toda plataforma digital não matou o livro em papel. porém, o computador deveria ser um forte aliado na busca do conhecimento e deveríamos tornar pessoas mais inteligentes sabendo fazer uso do conhecimento. então, me parece que enquanto nosso País e com teu plano de educação, estamos falhando com os jovens nesta transição do conhecimento. e como reparar este erro ? assistindo aos exames do ENEM e as notas máximas e mínimas divulgadas pelo MEC? enquanto o ENEM é consequência, temos que olhar o que vem antes que é todo processo de educação do indivíduo desde que nasceu. e aí, talvez, os computadores pessoais entregues como eletrodomésticos pode ser que falharam : ninguém diz o que fazer com o computador pessoal. tanto pode servir de enfeite na sala como outros livros na estante, como pode servir de uma potente ferramenta para desenvolvimento do conhecimento através do uso da informação.


* foto (internet) : escultura do artista Francisco Brennand